O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), que é uma prévia da inflação oficial do país, ficou em 0,48% em fevereiro, conforme divulgado nesta quarta-feira (24) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esse é o maior resultado para um mês de fevereiro desde 2017, quando o índice foi de 0,54%.
O indicador desacelerou na comparação com janeiro, quando ficou em 0,78%, o maior para um mês de janeiro em cinco anos. Já no acumulado em 12 meses, o IPCA-15 acumula alta de 4,57%, acima dos 4,30% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores.
Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados pelo IBGE, seis apresentaram alta em fevereiro. Habitação e Comunicação registraram deflação no mês, enquanto vestuário teve variação nula.
Veja o resultado para cada um dos grupos:
Alimentação e bebidas: 0,56%
Artigos de residência: 1,01%
Vestuário: 0,00%
Transportes: 1,11%
Saúde e cuidados pessoais: 0,46%
Despesas pessoais: 0,15%
Educação: 2,39%
Habitação: -0,74%
Comunicação: -0,09%
Gasolina teve o maior impacto no índice
De acordo com o IBGE, os combustíveis foram os itens que mais pressionaram a inflação em fevereiro, sobretudo a gasolina, que teve o maior impacto individual sobre o indicador, de 0,17 ponto percentual.
Os combustíveis acumularam alta de 3,34% no mês, enquanto a gasolina subiu 3,52% - foi a oitava alta seguida dos preços da gasolina. Também houve altas nos preços do óleo diesel (2,89%), do etanol (2,36%) e do gás veicular (0,61%).
A alta nos preços dos combustíveis fez com que o grupo dos transportes tivesse alta de 1,11%, bem acima do resultado de janeiro, quando o aumento para este grupo foi de 0,14%.
Embora o grupo de transportes tenha sido o de maior impacto no IPCA-15 de fevereiro, a maior alta foi registrada no grupo de Educação (2,39%), sendo o segundo maior impacto (de 0,15 p.p.) no resultado do mês.
"O desempenho [do grupo de educação] reflete os reajustes anuais aplicados no início do ano letivo e a retirada de descontos praticados por algumas instituições de ensino ao longo de 2020, no contexto da pandemia de COVID-19", ponderou o IBGE.
Habitação tem deflação e Alimentação desacelera novamente
Dois grupos de grande peso na composição do indicador ajudaram a conter a inflação no mês, segundo o IBGE: o de Habitação e o de Alimentação e Bebidas.
O de Habitação registrou deflação em fevereiro, ficando em --0,74% depois de ter apresentado alta de 1,44% no mês anterior. Segundo o IBGE, o resultado negativo foi devido à redução de 4,24% nas tarifas de energia elétrica por conta da mudança das bandeiras tarifárias, que passou de vermelha patamar 2 , em dezembro, para amarela, em janeiro e fevereiro.
Já o grupo de Alimentação e Bebidas teve alta de 0,56%, depois de ter registrado alta de 1,53% em janeiro. O IBGE destacou que o indicador para este grupo, que foi o maior responsável pela inflação de 2020, vem desacelerando desde novembro.
Na passagem de janeiro para fevereiro, o que mais contribuiu para desaceleração do índice para Alimentação e Bebidas foram a queda nos preços da batata-inglesa (-5,44%), do leite longa vida (-1,79%), do óleo de soja (-1,73%) e do arroz (-0,96%). No lado das altas, o destaque foi a cebola, cujos preços subiram 19,17%.
O IBGE destacou, ainda, que a alimentação fora do domicílio também desacelerou, passando de 1,02% em janeiro para 0,56% em fevereiro. O lanche e a refeição foram os itens que mais pressionaram essa desaceleração - passaram, respectivamente de 1,45% para 1,20% e de 0,81% para 0,37%.
Goiânia foi a única região a registrar deflação
Das 11 regiões pesquisadas pelo IBGE para composição do IPCA-15, apenas Goiânia registrou deflação em fevereiro, de -0,03%, pressionada sobretudo pela queda de 4,88% na energia elétrica.
A maior alta foi observada na região metropolitana de Fortaleza (0,95%), puxada pelo grupo de Educação diante da alta de 8,86% nos cursos regulares (8,86%). Em outras cinco regiões o índice foi maior que a média nacional.
Metodologia
Para calcular o IPCA-15, o IBGE consultou os preços de produtos e serviços entre os dias 15 de janeiro a 11 de fevereiro de 2021. Eles foram comparados com aqueles vigentes entre 12 de dezembro de 2020 e 14 de janeiro de 2021.
O indicador refere-se às famílias com rendimento de 1 a 40 salários mínimos e abrange as regiões metropolitanas do Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, São Paulo, Belém, Fortaleza, Salvador e Curitiba, além de Brasília e Goiânia.
A metodologia utilizada para a prévia da inflação é a mesma do IPCA. A diferença está no período de coleta dos preços e na abrangência geográfica.
Perspectivas e meta de inflação
A meta central do governo para a inflação em 2021 é de 3,75%, e o intervalo de tolerância varia de 2,25% a 5,52%. Para alcançá-la, o Banco Central eleva ou reduz a taxa básica de juros da economia (Selic), que está atualmente em 2% ao ano.
Os analistas das instituições financeiras projetam uma inflação de 3,82% no ano, acima da meta central do governo, conforme aponta a última pesquisa Focus do Banco Central.
Em 2020, a inflação fechou em 4,52%, acima do centro da meta do governo, que era de 4%. Foi a maior inflação anual desde 2016.
Fonte: G1
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