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10/09/2021 17:23
Economia

Uber e 99 reajustam ganhos de motoristas após cancelamentos e aumento da espera

Para muitos não estava mais compensando trabalhar para a Uber após tantos aumentos de combustíveis e da mensalidade do carro alugado
/ Foto: Reprodução

 A Uber reajustou na terça-feira os ganhos dos motoristas que realizam corridas pelo aplicativo. Dois dias depois, nesta quinta-feira, a 99 anunciou que está fazendo testes para revisar esses ganhos em várias cidades. O percentual de exato do aumento depende da categoria em que o motorista trabalha (X ou Black, por exemplo) e região da corrida.

Uma tabela que circula em grupos de motoristas mostra que os valores pagos variam de acordo com um mapa que mostra as regiões da cidade com maior ou menor demanda de passageiros. “O aumento médio para a categoria X, que é a que reúne mais motoristas da Uber, foi de 10%. Em alguns lugares, o aumento chega a 15%, pois a Uber paga mais para regiões como Pinheiros e menos para bairros da zona leste”, disse o vereador de São Paulo Marlon Luz, ex-dirigente da Amasp (Associação de Motoristas de Aplicativos).

Nas corridas para o aeroporto de Guarulhos, por exemplo, essa tabela informa que o valor do minuto saiu de R$ 0,19 para R$ 0,266, enquanto o ganho por quilômetro avançou de R$ 1,05 para R$ 1,21.

Procurada, a 99 não detalhou como ficou a revisão de tarifas. Já a Uber informou que na região metropolitana de São Paulo foram aplicados os seguintes reajustes para a categoria X:

valor base: entre 10% e 15%
valor por minuto: entre 10% e 35%
valor por km: aumento de 10% a 15%, dependendo da área/cidade.

Esse aumento é suficiente para cobrir as perdas da categoria? Marlon diz que não. “Esse é o primeiro reajuste que a Uber faz para cima em seis anos. Mas ela já fez reajuste para baixo, reduzindo os ganhos. Se considerar a inflação desse período, esse aumento é insuficiente pra cobrir os gastos do motorista com combustível, manutenção do carro, alimentação. Afinal, esse profissional trabalha para alimentar sua família”, afirma o vereador.

Em que contexto esse reajuste acontece? Essa correção foi dada após a chuva de reclamações de passageiros sobre cancelamentos e aumento do tempo de espera por corridas. Há relatos de saída de motoristas da plataforma, porque para muitos não estava mais compensando trabalhar para a Uber após tantos aumentos de combustíveis e da mensalidade do carro alugado.

 

Nos últimos 12 meses, a gasolina acumula uma alta de preços de 39,09%, e o etanol, de 62,26%, segundo dados do IPCA, divulgados pelo IBGE nessa quinta-feira. O custo com aluguel de veículos subiu 30,58% no mesmo período.

“Tem motorista que está escolhendo que corrida vai pegar. Se é muita curta, cancela mesmo. Não compensa mais”, disse um motorista de aplicativo que não quis se identificar.

Levantamento da Amasp mostra que houve uma queda de 28% no número de motoristas de aplicativos em São Paulo neste ano. A Uber nega a fuga de profissionais. A empresa afirma que o aumento do tempo de espera é reflexo do aumento da demanda provocada pelo avanço da vacinação e da redução das restrições de funcionamento.

“Esse cenário de alta demanda por viagens vem se acentuando nas últimas semanas, conforme o avanço da campanha de vacinação e a reabertura progressiva de atividades comerciais pelas autoridades. Nesse sentido, os usuários estão tendo de esperar mais tempo por uma viagem porque, especialmente nos horários de pico, há momentos em que há mais solicitações do que motoristas parceiros disponíveis”, afirma a Uber.

 

Para Marlon, há um pouco de tudo. “Tem motorista saindo da plataforma, da mesma forma que teve aumento da demanda, já que tem passageiro inseguro de voltar a usar transporte público. E também tem motorista cancelando corrida, porque às vezes ele tem que se deslocar 5 quilômetros para fazer uma corrida de 3 quilômetros, não compensa. Com menos motoristas, a distância até o passageiro aumentou.”

Quanto os motoristas estão pagando de combustível? O IPTL (Índice de Preços Ticket Log) mostrou que o preço da gasolina subiu 4,7% em agosto no Sudeste na comparação com o fechamento de maio. O preço médio ficou em R$ 6,180.

 

O Rio de Janeiro segue liderando com a gasolina mais cara do país: R$ 6,524 por litro. Em contrapartida, São Paulo apresentou o menor preço médio para a gasolina em agosto, comercializada a R$ 5,680.

O etanol mais caro também foi encontrado no Rio de Janeiro, a R$ 5,461. Já em São Paulo, o etanol foi comercializado pelo menor preço médio de todo o território nacional, a R$ 4,280.

O que as empresas têm feito pelos motoristas? A Uber confirma o reajuste e diz que oferece outros benefícios aos motoristas. “Com o aumento constante dos combustíveis, a Uber tem intensificado seus esforços para ajudar os motoristas parceiros a reduzirem seus gastos, com parcerias que oferecem desconto em combustíveis, assim como tem feito uma revisão e reajustado os ganhos dos motoristas parceiros em diversas cidades”, diz em nota.

Entre as parcerias está a possibilidade de ganhar cashback no abastecimento do carro para quem usar o app Abastece-aí nos postos Ipiranga.

Já a 99 afirma que a revisão de ganhos não pode penalizar o passageiro. “Por meio de sua tecnologia, a 99 tem realizado milhares de testes, em dezenas de cidades brasileiras, com o objetivo de revisar os ganhos de seus motoristas parceiros”, afirmou. “É importante ressaltar que, neste momento, a crise econômica afeta a todos e é preciso manter o equilíbrio da operação: oferecer ganho e gerar demanda para os motoristas, ao mesmo tempo em que proporcionamos transporte eficiente, seguro e financeiramente acessível para os passageiros.”

Fonte: UOL

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